domingo, 31 de janeiro de 2010

Poesia

Dias e noites
tangendo
em meus nervos
de harpa

vivo desta jóia
doentia do universo
e sofro
de não sabê-la
acender
na minha
palavra.



Giuseppe Ungaretti, tradução de Elson Fróes

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

"Foi um doloroso despertar. Por que as coisas eram tão erradas assim? As perguntas que eu me fazia desde menino um sem-número de vezes subiram novamente a meus lábios. "Por que todos nós somos oprimidos pelo dever de destruir tudo, mudar tudo, confiar tudo à impermanência? É a esse dever desagradável que o mundo chama vida? Ou sou eu o único para quem isso é um dever?" Pelo menos não havia dúvida de que eu era o único a considerar o dever como uma carga pesada.
Finalmente falei:

- Então, você vai embora...Mas claro que mesmo que ficasse aqui, eu teria que partir dentro de pouco tempo...
- Para onde você vai?
- Resolveram mandar-nos viver e trabalhar em alguma fábrica novamente, no começo deste mês ou em abril.
- Mas uma fábrica... Vai ser perigoso, com os ataques aéreos e tudo.
- Sim, vai ser perigoso - respondi desanimado.

Despedi-me tão rapidamente quanto possível..."




trecho do livro "Confissões de uma máscara", de Yukio Mishima.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010