quarta-feira, 15 de setembro de 2010

enquanto velo teu sono

Perception of an object costs
Precise de object’s loss.
Emily Dickinson

I
No silêncio da noite
em vigília de insônia
velo teu corpo
e o admiro
como ao copo translúcido
ao lado de tua cabeça.

II
Teu corpo deitado na cama
tem a mesma inquietude do copo,
a inquietude da água desse copo
pronta a derramar-se
como teus cabelos sobre o lençol;
a mesma inquietude
pela sede que evoca.

III
Um copo translúcido e calmo
que perturba o cristalino.
Um corpo de água
todo espraiado
entre os lençóis de água
de que é feito o branco da cama
a derramar em dobras dentro
dos limites do leito.


IV
Um corpo cheio até a boca
entre lençóis de água.

V
A cama
toda se alagando
entra por meus olhos cheios
do líquido que derramam
teus cabelos.






adalberto müller

2 comentários:

André Kangussu disse...

noss adoro dormir com um copo de água bem geladinha do lado da cama quando da sede no meio da noite eu vou la e glup glup hihihi

camila schmitt disse...

água gelada de madrugada faz mal pra garganta, zé