terça-feira, 16 de março de 2010

Faustine

"Não espero nada. Isso não é horrível. Depois que assim decidi, ganhei tranquilidade. Mas essa mulher me deu esperanças.
Contempla o pôr-do-sol todas as tardes; escondido, eu a contemplo. Ontem, hoje novamente, descobri que minhas noites e meus dias esperam por essa hora. A mulher, com a sensualidade de uma cigana e com o seu lenço de cores demasiado grande, parece-me ridícula. Entretanto sinto, talvez um pouco de brincadeira, que se pudesse ser olhado um instante por ela, se me houvesse falado um instante, afluiria de uma só vez o socorro que o homem tem nos amigos, nas namoradas e nos que estão no seu próprio sangue."





trecho de "A Invenção de Morel", de Adolfo Bioy Casares