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Desconhecido que atravessas a rua,
Que há de comum entre mim e ti?
A mesma solidão e a mesma roupa.
Procuras consolo, mas não podes parar.
És o servo da máquina e do tempo.
Mal sabes teu nome, nem o que desejas neste mundo.
Procuras a comunidade de uma pessoa,
Mas não a encontras na massa-leviatã.
Procuras alguém que seja obscuro e mínimo,
Que possa de novo te apresentar a ti mesmo.
Murilo Mendes
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
mundo pequeno
VI
Toda vez que encontro uma parede
ela me entrega às suas lesmas.
Não sei se isso é uma repetição de mim ou das
lesmas.
Não sei se isso é uma repetição das paredes ou
de mim.
Estarei incluído nas lesmas ou nas paredes?
Parece que lesma só é uma divulgação de mim.
Penso que dentro de minha casca
não tem um bicho:
Tem um silêncio feroz.
Estico a timidez da minha lesma até gozar na pedra.
.
.
do cuiabano Manoel de Barros, em "O Livro das Ignorãças".
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Aquário
Signo colorido da
geometria íntima da
gaiola vítrea
em toda a sua
margem
cúbica
enquanto esbarra
em oceano
restrito
parece que me
contempla (o peixe)
a mim (seu
incompetente
salvador
deslumbrado) –
ondula mínima
mente a água:
é dolorido
todo
universo
finito
wilson nanini
geometria íntima da
gaiola vítrea
em toda a sua
margem
cúbica
enquanto esbarra
em oceano
restrito
parece que me
contempla (o peixe)
a mim (seu
incompetente
salvador
deslumbrado) –
ondula mínima
mente a água:
é dolorido
todo
universo
finito
wilson nanini
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
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