quinta-feira, 25 de setembro de 2008

"É difícil que se dê crédito ao narrador quando só se descrevem impressões. No entanto, não se pode descrever de outra forma a infelicidade de uma condição humana. A infelicidade é feita apenas de impressões. As circunstâncias materiais da vida, enquanto se consegue quase que no limite das forças, viver dentro delas, não são as únicas a explicarem a infelicidade, pois circunstâncias equivalentes, dependendo de outros sentimentos, poderiam tornar felizes as pessoas. São os sentimentos dependentes das circunstâncias de uma vida que tornam as pessoas felizes ou infelizes, mas esses sentimentos não são arbitrários, não são impostos ou apagados por sugestão, não podem ser mudados a não ser por uma transformação radical das próprias circunstâncias. Para mudá-las, é preciso primeiro conhecê-las. Nada mais difícil de conhecer do que a infelicidade; ela é sempre um mistério. Muda, como dizia um provérbio grego. É preciso estar preparado de um modo todo especial para a análise interior para perceber as verdadeiras gradações e suas causas, e geralmente não estão em estado de fazê-lo os infelizes. Mesmo quando se está preparado, a própria infelicidade impede esta atividade do pensamento, e a humilhação sempre traz como consequência a criação de zonas proibidas nas quais o pensamento não se aventura, e que estão cobertas pelo silêncio ou pela mentira. Quando os infelizes se queixam, queixam-se quase sempre sem razão sem evocar sua verdadeira infelicidade; e, além disso no caso da infelicidade profunda e permanente, um pudor muito forte detém as queixas. Assim, cada condição infeliz entre os homens cria uma zona de silêncio dentro da qual os seres humanos ficam encerrados como numa ilha. Quem sai da ilha não volta a cabeça para trás."




trecho de A condição operária e outros estudos sobre a opressão, de Simone Weil (a lúcida).

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Barracão pegô fogo

Barracão pegô fogo/ onde nois vai morá/ abracei a isabé/ que chorava sem pará/ Barracão pegô fogo/ onde nois vai morá/ abracei a isabé/ que chorava sem pará/ Chamemos a policia/ ninguem quiz apagá/ chegô os bombeiros/ e pegaram os destroços


Adoniran Barbosa

terça-feira, 9 de setembro de 2008

a egoísta

blefar olhando nos olhos, berço da paranóia. trimilique, rangedeira, noise. uma catástrofe inteira só pra mim... solidão e enfrentamentos à parte, tão logo eles me descobrissem, pintariam em minha face a estampa corada da covardia.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

vontade e potência

tô muito lôca/ tenho quistudá.